Estamos cada vez mais consumindo novos produtos e serviços disruptivos, mas muitas vezes nem nos damos conta disto. Quando falamos em disruptivos, seja tecnologia ou mesmo novos modelos, normalmente estamos falando de Startups, mas isto não pode ser considerado uma regra.
As startups segundo um dos mais influentes no ecossistema empreendedor Eric Ries no livro Startup Enxuta tem a seguinte definição “instituição humana projetada para criar novos produtos e serviços sob condições de extrema incerteza.”, existem muitas outras definições, mas esta exemplifica bem o cenário de startups.
Nos próximos parágrafos vou explicar de forma simples o que é inovação disruptiva e como incorpora-la na sua empresa.
Mas afinal, o que é Inovação disruptiva?
Antes de partirmos para como você pode tirar o máximo proveito da inovação disruptiva, é importante elucidarmos o que ela significa. A definição clássica é “Produto ou serviço que cria um novo mercado e desestabiliza os concorrentes que antes o dominavam” criada por Clayton Christensen, professor de Harvard, em 1995 e depois melhor detalhada no livro The Innovator’s Dilemma e The Innovator’s Solution.
Vamos verificar alguns exemplos, para facilitar o entendimento separei o conceito em tecnologia e negócios disruptivos.
Provavelmente você chegou a ter ou usar uma máquina fotográfica antiga, daquelas que usavam filmes e você torcia para que quando reveladas as fotos, todas saíssem e nenhuma queimasse.
Pois bem, a partir do fim da década de 90 e início de 2000, começou a ser comercializadas as câmeras de fotografia digital e foi com certeza um marco nesse mercado. Além de não ter mais que revelar, ainda você pode ver como irá ficar a foto antes de clicar, fotografar varias vezes que quiser e armazená-las em um cartão de memória. Sem considerar que hoje podemos fazer isto através dos smartphones e armazenar suas fotos na nuvem (Cloud). Mas ainda temos muito caminho a trilhar, com a IoT (Internet of Things) as oportunidades são infinitas.
Por outro lado os modelos de negócios disruptivos estão baseados em disponibilizar novas formas de fazer e oferecer produtos ou serviços, baseadas em forma mais criativas dos atuais modelos, atendendo uma mesma necessidade de uma forma diferente. Temos muitos exemplos destes modelos, muitos deles já conhecidos como o UBER, WhatsUp, AirBnB, Apple, Amazon, Google e muitos outros, muitos destes serviços estão baseados em Serviços Compartilhados ou O2O – Online to Offline. A inovação disruptiva está tomando força, incomodando e quebrando muitos negócios centenários.
Quais os caminhos da Disrupção?
Com uma compreensão melhor do que é inovação disruptiva, podemos avançar e entender quais são os caminhos a seguir. Os modelos disruptivos estão surgindo rapidamente no ecossistema de Startups e seus empreendedores, além de criatividade, paixão, utilizam o conceito de Lean Startup.
Pois bem, antes de avançarmos para o principal tema deste artigo, quero elucidar o conceito Lean Startup, então vamos falar de 4 temas básicos.
Experimentar
A partir do momento em que surge uma ideia ou uma visão de negócios, você cria suas hipóteses, entretanto você não conhece inicialmente se suas hipóteses são verdadeiras ou falsas. A partir daí, como exemplifica Eric Ries em seu livro, você inicia seus testes de forma empírica. O objetivo destes testes é experimentar e validar o que é verdadeiro e o que é falso, em outras palavras, você valida a aceitação do seu produto ou serviço pelo seu público alvo. Partindo deste princípio você irá descobrir como desenvolver um negócio sustentável em torno da sua ideia ou visão.
Mas não para por ai, durante a execução do seu modelo de negócio muitas outras variáveis e desafios irão surgir, então é fundamental validar com frequência suas novas hipóteses, mesmo que de forma simples, entretanto evitando o desperdício e consequentemente dinheiro. Para isto “pense grande, comece pequeno!”, como descreve Eric Ries.
Testar e Medir
Partindo do principio que você já validou sua ideia de forma empírica, conversando com seu público, simulando e experimentando sua proposta, pode-se partir para um teste mais efetivo.
Neste momento podemos considerar a criação de uma versão inicial do seu produto ou serviço, a qual é conhecido como MVP, Produto Mínimo Viável.
Um bom MVP deve percorrer um caminho rápido, que tragas as funcionalidades de forma simples e, principalmente, o ajude no processo de construir-medir-aprender, ou seja, uma forma de obter feedback com o menor esforço possível.
Pivotar
Durante o processo de construção de um novo negócio, surgem inúmeras dúvidas, desafios e principalmente feedbacks do mercado de como o seu produto ou serviço está satisfazendo ou resolvendo um grande problema dele. Por este motivo, medir é fundamental para conseguir tomar decisões mais assertivas para a sua estratégia.
O termo Pivotar é muito comum entre os empreendedores, entretanto é um dilema saber quando Pivotar ou Perseverar.
Mas o que é Pivotar? podemos considerar pivotar como uma correção do curso do negócio, de forma estruturada, projetada para testar uma nova hipótese fundamental da estratégia e do seu motor de crescimento. Assim explicada no livro The Lean Startup ou A Startup Enxuta.
Desta forma, saber o exato momento para tomar a decisão de Pivotar ou Perseverar, pode decidir o futuro e o sucesso do negócio. Quando os líderes de uma empresa estruturada ou de uma startup não conseguem avaliar os feedbacks do mercado e não tomam a decisão de pivotar, podem ficar presos na terra dos mortos-vivos, não crescem o suficiente, não morrem, entretanto consomem recursos e dedicação de sua equipe.
As oportunidades para Empresas & Startups
Os conceitos de Lean Startup está inserido com muita profundidade nos modelos de negócios desenvolvidos pelas startups, são conceitos que converso diariamente na interação e mentoria com empreendedores. Entretanto, existe um movimento, mesmo que ainda muito tímido, no mundo corporativo, ou seja, negócios já estruturados começam a entender estes conceitos.
Algumas empresas já iniciaram seus investimentos, sejam através da criação de centros de empreendedorismo, como é o caso do banco Itaú através do CUBO, o Bradesco que criou o programa InovaBra e a Porto Seguro, que criou recentemente um modelo de Aceleração Corporativa denominada Oxigênio, ou seja, estão investindo e provendo recursos para startups desenvolverem seus negócios, o que eu particularmente acho fantástico.
Entretanto, há outras formas de levar a inovação disruptiva, ou mesmo incremental para as empresas através das Startups. Algumas empresas estão investindo ou sendo parceiras de startups, normalmente quando as soluções estão relacionadas com seu negócio. Estas empresas disponibilizam seus canais, carteira de clientes, suporte e inclusive dinheiro, mas sem a necessidade de criar uma estrutura para isto.
Os benefícios e desafios
Os benefícios para as empresas são inúmeros, podendo beneficiar-se das soluções ou negócios desenvolvidos para a própria empresa, bem como obtendo informações e conhecimento dos seus clientes e consumidores que não chegam na empresa através dos seus negócios tradicionais. Utilizar-se da transformação digital é um caminho sem volta.
Por fim, vale ressaltar, tantos os empreendedores como as empresas precisam entender as diferenças culturais e de processos, as empresas precisam criar um processo de tomada de decisão ágil, entender e adaptar-se ao perfil destes empreendedores e ter predisposição para correr riscos, por outro lado, os empreendedores precisam entender como funciona o mundo corporativo, entender a sua capacidade de adaptar-se e saber lidar com as adversidades. Com isto todos ganham, principalmente os clientes e consumidores destes negócios.
Enfim, a inovação disruptiva está diretamente relacionadas a capacidade de alinhar esforços para criar valor e impulsionar o crescimento.