Sidnei Gonçalves, cofundador da UP2Place, fala sobre Mobile First para a Revista Locaweb: Nosso time de especialistas está sempre pronto para dividir soluções e conhecimento sobre inbound marketing, user experience, site responsivo, transformação digital e tudo que possa contribuir para o sucesso das estratégias de vendas da sua empresa.
Dessa vez foi a minha vez de conversar com a Revista Locaweb desse mês sobre Mobile First. Confira a seguir a matéria:
Você vê com as mãos ou com os olhos?
Mobile First quer inspirar as empresas a pensar mais (e primeiro) no ambiente móvel.
Essa é a chance de garantir uma experiência de usuário ainda mais completa, cômoda e presente onde e quando o cliente precisar
por Marcella Blass
Definido inicialmente por Luke Wroblewski (do Google) como a ideia de pensar mobile antes do desktop, o conceito Mobile First apareceu para que as empresas desenvolvam seu poder de síntese. Afinal, o universo móvel não dá chance para conteúdo de relevância duvidosa.
O conceito ganhou força com a popularização dos smartphones e o nascimento das startups digitais. Ao trabalhar dessa forma, Edu Agni, especialista em User Experience e veterano na área de design e usabilidade, conta que os desenvolvedores conseguem pensar não apenas de uma forma objetiva na versão mobile como também otimizar as plataformas desktop.
No Brasil, o conceito começou a ser usado pouco depois de 2010. O primeiro segmento a apostar foi o e-commerce, seguido pelos aplicativos de táxi, que hoje são considerados referência de Mobile First no País.
Um dos precursores foi o aplicativo de transporte Easy Taxi. Lançado em 2012, o software nasceu em uma época na qual os smartphones ainda não tinham tanta popularidade. “Quando lançamos, inclusive, distribuímos aparelhos para alguns motoristas poderem usar o serviço”, conta Fernando Matias, diretor-geral da empresa no Brasil. Hoje, a marca se considera parte importante do processo de penetração desses dispositivos no mercado brasileiro.
Para a empresa, é natural ser um negócio nascido dentro desse conceito porque o produto que ela oferece faz todo sentido no universo móvel. Fernando ainda brinca que acha injusto que a Easy Taxi seja considera um modelo de Mobile First, pois o serviço não é simplesmente focado, mas inspirado 100% em mobile.
“Quando falamos em mobile, é importante pensarmos em mobilidade, e não nos dispositivos móveis em si”, destaca Agni. Cada vez mais, as pessoas querem e precisam estar conectadas a todo momento e em qualquer lugar, por isso é preciso entrar na corrida em busca da ubiquidade.
Também de olho nessa onda está a Vivo. A empresa acredita que o mobile é um instrumento de comunicação que apresenta várias possibilidades, inclusive funcionar como um canal de autosserviço. Com isso em mente, nasceu o aplicativo Meu Vivo, em 2013, quando, segundo a empresa, poucos viam o potencial e a importância do mobile.
A proposta do app é que o cliente possa ir além dos canais tradicionais. “O mundo já virou digital e queremos colocar a empresa na palma da mão do cliente, para que ele possa realizar transações ou ser atendido em qualquer lugar, na hora que quiser, com simplicidade e rapidez”, explica Fernando Moulin, diretor de canais digitais da Vivo.
Ao dispor do cliente
“Nascer baseada em Mobile First pode trazer um potencial de crescimento superior para as empresas”, garante Sidnei Gonçalves, cofundador da UP2Place (www.up2place.com.br). Segundo ele, todos os indicadores do universo móvel crescem exponencialmente, sejam pelas buscas, acessos às redes sociais, vídeos, e-commerces, anúncios ou mesmo o número de devices vendidos.
É inevitável que negócios que têm um público que usa muito o smartphone alcance resultados melhores se investirem em estratégias Mobile First. Isso porque o conceito vai permitir que as marcas se comuniquem e interajam de forma mais próxima, disposta e presente onde e quando precisar.
Diego Ivo, CEO da Conversion, lembra que um site tem a função de se comunicar com o cliente e permitir que atinja seu objetivo, que pode ser realizar uma compra, encontrar um endereço ou número de telefone ou até verificar um cardápio de restaurante. Então, se o consumidor tende a procurar pelo smartphone, não faz sentido não colocar esse ambiente na lista de prioridades – ou até mesmo no topo dela.
Os benefícios para o cliente de empresas que pensam mobile são diversos, mas um dos mais importantes fica logo muito claro: saber que a marca pensa digital, como ele espera que seja.
Se o usuário está muito ligado a esse ambiente, ainda vai sentir que a empresa conhece bem seu comportamento e que prioriza investimentos para evoluir uma plataforma tão indispensável ao cliente. Gonçalves garante que essa sensação de prioridade fará com que o cliente sinta que a empresa se esforça para que a experiência dele seja cada vez melhor.
Vale reforçar que se sua ideia tem tudo a ver com o formato mobile, não tem por que pensar duas vezes antes de investir nesse ambiente logo de cara. A Easy Taxi pegou a deixa e percebeu que seu negócio funcionaria redondinho no aplicativo. Matias conta que o formato permitiria uma experiência em etapas curtas, com poucos cliques e a concentração de todas as informações importantes em apenas duas telas. Essas características garantiram que o uso do app tivesse um resultado muito efetivo, que talvez uma adaptação do desktop não gerasse o mesmo sucesso.
Estude e confie!
É incontestável que os usuários estão usando cada vez mais os dispositivos móveis. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), os smartphones ultrapassaram os computadores e se tornaram os aparelhos preferidos dos brasileiros para acessar a internet.
Diego Eis, coordenador de desenvolvimento de produto da Locaweb, lembra que, apesar de alguns sites ainda não terem a maioria de suas visitas vindas dos aparelhos mobile, o crescimento desse tipo de acesso é constante. Segundo ele, esse fato faz com que as empresas tenham a obrigação de desenvolver um site mobile. “Hoje, não manter uma boa versão para dispositivos móveis é assumir o risco de perder clientes e visitas.”
“Acreditamos que ter canais digitais é um grande diferencial para as marcas, pois os hábitos de consumo das pessoas têm passado por uma grande transformação”, alerta Moulin. Nos últimos anos, o consumidor está cada vez mais digital e precisa de canais que resolvam seus problemas em qualquer lugar.
E, apesar da demanda, o conceito Mobile First ainda é pouco usado no Brasil. Agni diz que a grande maioria das empresas nem sequer se deu conta da importância de desenvolver uma versão de suas plataformas para dispositivos móveis, quem dirá projetar primeiro para o mobile.
“Com exceção daquelas que são especializadas em experiência móvel, são poucas as empresas que fazem bem mobile no Brasil”, garante o especialista em design e usabilidade. Ele conta que muito do que se vê são sites responsivos nos quais as interfaces estão espremidas para caber em uma tela de celular, mas que ainda têm seus padrões de interação todos pensados para desktop.
Por isso, para não correr o risco de ser responsável por um site mobile ou mesmo aplicativo que ofereçam uma experiência tosca, é fundamental entender muito bem as ações que o usuário espera e vai precisar fazer na sua página.
“Toda a construção deve estar direcionada às necessidades do cliente”, destaca Eis. O estudo do comportamento do consumidor também é tópico que merece atenção. Gonçalves conta que essa análise é fundamental, pois as necessidades e priorizações de conteúdo podem ser diferentes entre pessoas que usam desktop e mobile.
Dentro desse contexto, será preciso perceber como as pessoas utilizam o dispositivo, por quanto tempo e com qual nível de atenção.
Esse conhecimento será essencial no processo adequado de desenvolvimento mobile, porque a utilização em dispositivos móveis pode ser um pouco mais caótica do que no desktop em razão da tela pequena, conexão lenta, posição dinâmica e ambientes que geram interferência na interação.
Além de beneficiar o consumidor, pensar mobile também pode ser vantajoso para as atividades internas e funcionários do negócio. A Vivo, por exemplo, desenvolveu um processo chamado Venda Sustentável, que coleta os documentos e assinaturas dos clientes de forma digitalizada, com auxílio de tablets, dispensando o uso de papel.
Com o software, o cliente tem um atendimento mais ágil e flexível nos pontos de venda, enquanto a empresa reduz custos operacionais. “A utilização do Venda Sustentável ainda minimiza processos burocráticos, aumenta a eficácia da operação e prioriza a redução de resíduos por meio de experiências tecnológicas diferenciadas”, completa
Fabio Avellar, vice-presidente de vendas da Vivo.
Não traga problemas, ofereça soluções
Agilidade e simplicidade são as palavras-chave no Mobile First. Para causar efeito positivo nos aparelhos móveis, a comunicação deve ser simples, objetiva e direta. Ivo também destaca a rapidez, e reforça que o segredo é pensar em usabilidade e não no dispositivo.
O meio digital marca cada vez mais presença na vida das pessoas. Criar soluções móveis e contextuais pode permitir que os empreendedores garantam muito mais relevância nesse meio.
Agni destaca que há uma grande variedade de oportunidades para que as empresas explorem e façam a diferença em relação à concorrência, basta entender que este é um mercado necessário, dinâmico e em evolução.